Lava Jato expande mercado para advogados
05.06.2017
Saulo Ohara - 22-03-2017 - O escritório do advogado Marlus Arns de Oliveira tem vinte pessoas trabalhando em casos da operação Lava Jato
O escritório do advogado Marlus Arns de Oliveira tem vinte pessoas trabalhando em casos da operação Lava Jato

Analisar processos volumosos, ouvir intercepções telefônicas infindáveis, equipes com dedicação “full time”, prazos apertados e muitas, muitas horas trabalhadas. É mais ou menos este o cenário que os escritórios de advocacia de Curitiba que possuem clientes réus da Operação Lava Jato enfrentam no dia a dia de trabalho. Devido à proximidade com a 13ª Vara Federal da capital paranaense, onde fica o epicentro da operação, alguns escritórios de renome na cidade têm aproveitado para captar clientes e melhorar o faturamento do negócio, juntamente com advogados de outras regiões, como São Paulo e Rio de Janeiro.

É difícil mensurar qual o incremento econômico da atividade em Curitiba após o início da Lava Jato em 2014, e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná prefere não se manisfestar sobre o assunto. Mas conversando com especialistas e escritórios com clientes na operação, o que se percebe é que hoje a Lava Jato é uma fatia importante do negócio e o investimento é forte para atender a clientela. Movimento inclusive que aumenta a área de atuação, focando em outras esferas do Direito, já que os crimes nestas mega operações permeiam por diversas áreas além da criminal.

O advogado Juliano Breda, do Breda Advogados Associados de Curitiba, diz que a demanda gerada pela Lava Jato é tão grande que ele teve de indicar clientes para outros colegas. Breda defende cerca de 20 pessoas envolvidas na operação, a maioria funcionários de empreiteiras. “A operação expandiu o mercado de trabalho em todos os aspectos, inclusive no financeiro, ao agregar um número maior de causas e clientes”, ressalta.

De acordo com ele, o aumento da demanda em Curitiba, que havia iniciado em 2014, já estava começando a diminuir. “Muita coisa já está concluída.” Mas as delações da JBS provocaram uma segunda onda de busca por advogados no Paraná. “Se o fim do foro privilegiado for aprovado teremos então uma procura ainda maior que a inicial.”

O advogado diz que o modelo da Lava Jato acabou se disseminando no Ministério Público e na Justiça em todo o País. E inclusive no interior, como é o caso da Operação Publicano, que apura escândalo de corrupção na Receita Estadual, cujo epicentro é em Londrina. “Temos uma operação grande em Foz do Iguaçu (operação Pecúlio, que resultou na prisão de 12 dos 15 vereadores da cidade)”, ressalta. Por isso, a tendência é que os advogados criminalistas de todo o Estado tenham mais trabalho.

FATOR GEOGRÁFICO

O advogado criminalista Gabriel Bertin explica que os escritórios de Curitiba acabaram sendo os mais beneficiados comercialmente devido à própria localização geográfica. “Curitiba passou a ser o ‘centro do universo’ em matéria penal, o que antes não acontecia. O impacto é significativo para os escritórios, que saem de uma esfera regional para nacional. Como a operação não tem prazo para terminar, isso mostra como o mercado vai se comportar daqui pra frente. Vai mudar muito o cenário da advocacia criminal, levando essa área a um progresso em Curitiba”.

O advogado e professor de Direito Penal da PUC Londrina Rafael Soares relata que captar clientes em operações como essa, chamadas de “mega processos”, gera um impacto substancial no faturamento do escritório, o que é equiparado com a quantidade de trabalho gerado com isso. “Os escritórios de advocacia que estão tocando esse tipo de demanda têm que se preparar para absorver uma quantidade enorme de informações e cruzamento de dados. Uma realidade que não existia nos processos antigos”.

O professor relata que a forma de advogar em tais operações – que ele considera que serão cada vez mais frequentes no País – é muito mais dinâmica, o que necessita de uma equipe maior, tecnologia para cruzar dados, e até especialistas de outras áreas, como analistas e contadores. “A forma clássica de advogar não cabe neste tipo de processo, um advogado não dá conta de tudo isso. São anos de investigações e quando a operação é deflagrada, os prazos são curtos para o trabalho. Hoje os escritórios estão se reestruturando para não trabalhar apenas com o Direito”.

Um movimento interessante neste mercado, segundo os especialistas, é que os grandes escritórios que não ofereciam o serviço na área penal estão aumentando o leque de opções, se tornando “full service”. Quando os escritórios são muito especializados – algo frequente na área penal – eles são chamados de “butiques”. “Temos visto o efeito inverso, grandes escritórios cíveis, trabalhistas, empresariais estão criando áreas criminais justamente com esse argumento de ampliar o leque aos clientes”.

Victor Lopes e Nelson Bortolin
Reportagem Local

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